Carmem Miranda e Walt Disney - 1943

 

A ação de aproximação dos Estados Unidos com a América Latina ficou conhecida como política da boa vizinhança. No caso de nosso país, os Estados Unidos buscavam, além da diminuição da influência alemã, apoio na guerra e, para isso, firmaram diversos acordos de cooperação. Por exemplo, obtiveram permissão para o uso de bases militares no Nordeste brasileiro, como o caso da Base Aérea de Natal, conhecida como “Trampolim da Vitória”, em troca do financiamento da construção da Companhia Siderúrgica Nacional e do fornecimento de equipamento militar ao Brasil. Foi no contexto de criação de laços mais sólidos entre os Estados Unidos e o Brasil que foi criado o Zé Carioca, personagem brasileiro da Disney, e que Carmem Miranda se tornou símbolo da cultura brasileira nos Estados Unidos.

Alfabetização de Jovens e Adultos - 1941

 

Os Estados Unidos, temendo uma aproximação entre a América do Sul e a União Soviética, passaram a financiar pesquisas e projetos em vários países da região, dentre os quais o Brasil. No caso do Inep, essa presença já era bastante forte, desde 1943, materializada na metodologia estadunidense de alfabetização adotada por Lourenço Filho – o Método Laubach – e, em 1956, na criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), decorrente de recomendação feita a Anísio Teixeira pelo antropólogo texano Charles Wagley, que vislumbrou a criação de uma instituição de estudos educacionais de caráter permanente.

Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos V. 1, Nº 1 Julho de 1944

 

A década de 1940 foi também o momento de criação, pelo Inep, do mais importante periódico do campo da educação do país. Lançada em julho de 1944, a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) também é o mais antigo periódico nesse campo de conhecimento no Brasil, da América Latina e um dos mais antigos do mundo. Apenas meia dúzia de revistas científicas, norte-americanas e europeias, são tão ou mais antigas, como o “Boston University Wheelock College of Education & Human Development’s Journal of Education” (de 1875), o “American Journal of Education” (de 1893) e a “Revue Française d’éducation” (de 1967). A RBPE foi o primeiro grande periódico nacional laico, em consonância com o pensamento escolanovista de seus criadores. O Diretor-Geral Lourenço Filho, em 1944, ao criar a revista, buscou atender a uma das competências do Inep relacionadas à documentação, pesquisa e divulgação. A revista é um verdadeiro patrimônio dos brasileiros e traz em suas páginas a história da evolução das ideias pedagógicas no Brasil. Tem distribuição gratuita e nota máxima na classificação de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). É publicada em formato impresso e eletrônico e reúne trabalhos inéditos que contribuam para a construção do conhecimento na área de Educação.

Robert King Hall - Década de 40

 

Foi também no âmbito de estreitamento de relações e de aumento da influência norte-americana por aqui que Robert King Hall, professor de Educação Comparada do Teacher’s College da Universidade de Columbia, veio seguidas vezes ao Brasil, sob os auspícios do Inep, para conduzir estudos e participar da colaboração técnica, com o financiamento do governo brasileiro, por meio do Itamaraty, e do Instituto Brasil-Estados Unidos. O educador americano deslocava-se dos EUA para o Brasil e pelo interior do país em um avião disponibilizado pela empresa aérea norte-americana Pan American Airways. Ele atuou nos cursos de formação de professoras para as escolas primárias rurais e, a convite de Murilo Braga, então diretor-geral do Inep, foi o consultor técnico na construção dessas escolas.

Construção de Escolas - 1946

 

Com a deposição de Getúlio Vargas, em 1946, e a eleição do governo democrático de Eurico Gaspar Dutra, o ensino primário e o combate ao analfabetismo voltaram à pauta central do governo federal, sendo o Inep responsável pela construção e pelo financiamento de escolas em todo o país. As mensagens do presidente Dutra ao Congresso Nacional, proferidas nos anos de 1947, 1948 e 1949 – início da Quarta República – mostram que, pelo menos no discurso, a questão da educação popular era prioritária. Entre 1947 e 1948, o Ministério da Educação assegurava a construção de mais de 6 mil prédios escolares em todo o país, especialmente em zonas rurais, e de mais de 25.000 classes de educação para adultos. Assessorado por Lourenço Filho, ex-diretor-geral do Inep, e por Anísio Teixeira, o presidente Dutra aumentou os gastos com educação. Outro fato marcante é que a Constituição de 1946 tinha todo um capítulo dedicado à educação.


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